Estivessem as classes trabalhadoras da Ucrânia e Rússia em nível avançado de consciência e organização, se uniriam contra a ameaça do imperialismo e a OTAN, seu gigantesco braço armado, na região. Por aí, a presença imperialista na Ucrânia não teria acontecido, além da possível derrota de um governo direitista e seus aliados neonazistas locais. A guerra não ocorreria.
Sem esta união das massas trabalhadores dos dois países, qual seria sua opção, de cada uma delas, frente ao fato consumado, de uma guerra que se tornou inevitável?
O Partido Comunista Russo entendeu que o caminho a ser seguido não é outro senão o de opor-se ao governo serviçal do principal inimigo mundial da classe trabalhadora, o império ianque. Acha que não lhe ficou outra alternativa a não ser colocar-se contra o cerco que seu país vem enfrentando com o avanço da OTAN junto a suas fronteiras. Pensa ser o melhor para o proletariado russo.
Quanto à classe trabalhadora ucraniana,não é sabido se, em geral, compreende ser seu inimigo maior o imperialismo estadunidense, ao lado de impérios menores, levando-se em consideração que os comunistas e outros setores de esquerda estão proibidos de existência legal no país, ainda mais, vítimas de violência praticada pelos agentes governamentais e seus comparsas nazifascistas. Não conseguiram os comunistas e aliados, frente a tamanhas dificuldades, evitar que a Ucrânia, sob a direção do que há de mais reacionário na sociedade ucraniana, tenha se tornado cada vez mais território de uma enorme base militar do imperialismo, ameaçando a soberania russa e a própria paz mundial.
Sobre a classe trabalhadora, mundialmente, está ela, em regra, sob influências de esquerdas reformistas, hegemônicas em todos os continentes, com tendência a jamais fazerem uma leitura de classes do conflito em questão.
E, desta forma, como a classe trabalhadora de todas as regiões do Planeta, internacional, se põe sem reação à política de guerras de um império, com sua OTAN e suas 800 bases militares espalhadas por todo o mundo,a ameaça á paz de toda a humanidade pode se agigantar, tornando-se uma realidade.
Os Estados Unidos conseguiram impor a guerra à Ucrânia, proibindo-a, na prática, de uma saída negociada, diplomática, sem perda de sangue de dois povos, porque a classe trabalhadora, não só dos países em conflito, como também, como um todo, em nível planetário, vive um momento de crise organizativa, sem avançar na luta pela paz mundial, de que depende, por princípio, para defender-se e estar à frente da defesa da própria espécie humana.
Que a classe trabalhadora identifique o caráter de classe de organizações como a OTAN. Sem isso, os seus inimigos de classe passam a ser vistos como se não existissem.
Não dá para lutar contra o desconhecido.
Alberto Souza - Histórico militante do sindicato dos Petroleiros, ex-vereador em SBCampo e militante dos Direitos Humanos.
É uma constatação companheiro: há um refluxo na luta pela consciência de classes a nível mundial e o avanço da extrema direita chegou onde chegou. Diante disso, a pergunta que não quer calar: O que fazer?