Professor Fagundes *
Da Troca de Experiências à Educação Bancária Virtual.
A Semana da Educação em São Bernardo do Campo sempre foi um evento marcante, caracterizado por encontros presenciais que promoviam a troca de experiências, debates enriquecedores e fóruns abertos para perguntas e reflexões. Era um espaço onde educadores se tornavam protagonistas na construção do conhecimento, contribuindo não apenas para sua própria formação, mas também para o aprimoramento dos palestrantes. No entanto, a atual edição, realizados pós pandemia de Covid-19, evidencia um desvio preocupante dos princípios da educação sociocultural, aproximando-se perigosamente do paradigma da educação bancária criticado por Paulo Freire.
A transição para o ambiente virtual restringiu gravemente a interação entre os participantes. Anteriormente, os debates ferviam com perguntas e intervenções, enquanto agora, frente a uma tela, somos meros espectadores. Não podemos ter certeza se todos os envolvidos, estão plenamente engajados, considerando que muitos podem estar envolvidos em suas responsabilidades domésticas ou outras atividades, talvez sem a mesma atenção que teriam presencialmente. Essa ausência de interação e feedback imediato compromete a eficácia do evento, uma vez que a aprendizagem é, por essência, um processo colaborativo.
A essência da pedagogia bancária, criticada incansavelmente por Paulo Freire, parece ter encontrado um novo cenário nas atividades da Semana da Educação de São Bernardo do Campo desta gestão. Nesse modelo, a informação é depositada nos receptores, sem espaço para a construção coletiva do conhecimento. Os educadores são reduzidos a meros transmissores de conteúdo, e os participantes, a meros depositários passivos de informações. Essa abordagem desconsidera o potencial transformador da educação, relegando-a a um processo unidirecional e desprovido de significado. As semanas de educação anteriores eram verdadeiros catalisadores para o crescimento da rede educacional. A socialização de práticas em todas as esferas da educação básica proporcionava um ambiente propício para a troca de ideias e o aprimoramento de métodos pedagógicos.
No entanto, a versão virtual deste ano, ao negligenciar essa interação crucial, prejudica o desenvolvimento profissional dos educadores e o fortalecimento da comunidade educacional.
A Semana da Educação de São Bernardo do Campo, que antes representava um modelo inspirador de intercâmbio e construção de conhecimento, agora se vê em um lamentável retrocesso. A mudança para um formato virtual não deveria significar a perda da interatividade e da participação ativa, mas é isso que estamos testemunhando. Ao adotar uma abordagem mais alinhada à educação bancária, corremos o risco de minar o verdadeiro propósito da educação: a formação de cidadãos críticos e participativos. Como nos recorda Sueli Amaral, Ana Teberosk e Vygotsky, a aprendizagem é um processo social e construtivo, que exige a troca constante entre os envolvidos. Portanto, é imperativo repensar e revitalizar o formato da Semana da Educação para preservar seu valor e impacto no desenvolvimento educacional de São Bernardo do Campo.
Professor Fagundes
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