AS ESCOLAS DE SÃO BERNARDO NA MIRA DO FASCISMO***
Institucionalizado como politica de governo por Bolsonaro em 2019, o programa Escola Cívico-Militar se tornou uma das principais armas da extrema-direita em sua cruzada contra a educação pública. No Paraná, foi implementado em larga escala pelo governo de Ratinho Jr e seu então Secretário de Educação Renato Feder. Apesar de extinto pelo governo Lula no ano passado, a parceria entre Tarcísio de Freitas e Feder se mantem obstinada em levar à frente esta aberração fascista, ignorando e afrontando a própria legalidade que diz ser inconstitucional tal projeto.
O governo paulista anunciou no final de julho uma lista de mais de duas mil escolas em todo o estado "elegíveis" ao programa Escola Cívico-Militar. Apenas em São Bernardo do Campo, quarenta e nove escolas foram apontadas como aptas a aderirem ao programa, das quais oito deram, através de seus respectivos diretores e diretoras, aval para o início das consultas. Por acaso, umas destas escolas carrega o nome do jornalista Vladimir Herzog. Vlado, como era chamado, trabalhava na TV Cultura quando foi intimado pela ditadura civil-militar a se apresentar ao DOI-CODI, onde acabou por ser preso, torturado e assassinado barbaramente por militares em uma cela do DOPS no dia 25 de outubro de 1975. O simbolismo desta escolha é sintomático do momento vivenciado por nós no Estado. São Paulo é hoje governado por representantes assumidos do legado bolsonarista, e não por acaso, apologistas do regime instaurado após o golpe militar de 1964, que durante vinte e um anos foi marcado pelo autoritarismo e o terrorismo de Estado em nosso país, responsável por um glossário de crimes que muito aproximam-se das atrocidades praticadas pelo nazifascismo.
Este ato escandaloso gerou grande repercussão nas mídias digitais, o Instituto Vladimir Herzog, o Sindicato dos Jornalistas de SP, a família Herzog e o jornalista Juca Kfouri posicionaram-se publicamente repudiando esse verdadeiro escárnio à memória de Herzog. A estas manifestações somaram-se a reação da Apeoesp de São Bernardo, da comunidade escolar e dos movimentos sociais e estudantis da cidade, que levaram a gestão da escola a emitir um comunicado - embora não oficial - declarando que não seguirá com os protocolos para eventual militarização. Esta pequena porém expressiva vitória não deve nos acomodar, deve ser o combustível para que nos mobilizemos efetivamente, visando impedir que as demais escolas sob a tutela da Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo selecionadas no momento venham a aderir ao famigerado programa. São as escolas: José Jorge do Amaral no bairro dos Fincos, Jacob Casseb no bairro Alvarenga, Antônio Nascimento no bairro Jordanópolis, Amadeu Olivério no bairro do Rudge Ramos, Julieta Vianna na Vila Rosa, Neuza Figueiredo Marçal no bairro Assunção, Jean Piaget no bairro dos Casa, todas em SBC, e a escola Joana Motta em São Caetano do Sul. Não ironicamente, todas estas unidades carregam o nome de profissionais da educação, o que ilustra como nós educadores estamos sendo afrontados pelo governo estadual, que pretende nos colocar sob a tutela da hierarquia militar e da Secretaria de Segurança Pública.
Vimos como durante a presidência de Bolsonaro as teorias negacionistas foram impulsionadas e tornadas uma espécie de linha oficial do governo e da militância fascista que o apoiara. Discursos terraplanistas, de negacionismo histórico e de descredibilização do pensamento científico em geral tornaram-se parte de um projeto político nefasto, que levou o Brasil a registrar a triste marca de 700 mil mortos pela Covid-19, o equivalente a aproximadamente 10% de todas as mortes registradas no mundo pela pandemia. A relativização da crise climática em função do desmatamento e do uso irresponsável dos recursos naturais, o ataque às universidades públicas e às instituições de pesquisa estruturaram-se ideologicamente nas ações oficiais, que desmontaram as políticas públicas em áreas como Educação e Saúde, desembocando na tentativa golpista de 8 de janeiro de 2023, práticas estas que não são outra coisa se não uma reedição dos métodos do fascismo. A militarização das escolas visa introduzir, em princípio na esfera administrativa e gradualmente nos métodos pedagógicos e no currículo, as doutrinas e práticas próprias do bolsonarismo e dos setores mais reacionários dentro das instituições militares.
Devemos denunciar de forma firme a responsabilidade das direções das escolas listadas, bem como da atual dirigente de ensino de São Bernardo do Campo, a profª Vanderlete, no avanço deste projeto nazifascista para dentro das escolas públicas. São inteiramente responsáveis por este crime e demonstram seu absoluto descompromisso com a aprendizagem, o ensino e o desenvolvimento da pessoa humana, e que não estão à altura de exercerem a profissão de educadores.
COORDENAÇÃO DA SUBSEDE DA APEOESP SBC
JULHO DE 2024
Não basta só ler!
É preciso comentar, compartilhar nos grupos e redes sociais, atuando efetivamente nas causas coletivas em defesa de uma educação libertadora!
Perfeito!!! Precisamos mesmo fazer muito barulho, ir pra frente de cada escola e gritar em alto e bom som: NÃO ÀS ESCOLAS QUARTEL!!! NÃO A TAMANHO RETROCESSO!!! NÃO A UMA EDUCAÇÃO ALIENANTE!!!
NÃO À ESCOLAS CÍVICO MILITAR!!! FORA FEDER!!! FORA TARCÍSIO!!!