Prof. Chico Gretter**
Reflexões de um agnóstico*
Há muitas ideias sobre Deus ou deuses/as: no animismo, xintoísmo, induísmo, budismo, judaísmo, cristianismo, islamismo, candomblé, espiritismo...etc. Há também os que não acreditam na existência de um Deus (ateus), afirmam que o Universo é eterno, não foi criado, que o Universo é o próprio Absoluto (panteísmo). A todos os que acreditam em DEUS, seja qual for sua visão, se realmente tiver fé, no mínimo deve respeitar todas as visões de Deus e também respeitar aqueles que não acreditam nesse Deus "acima de todos"!
Lembremo-nos que Jesus de Nazaré, considerado o Cristo (Ungido de Deus-Pai no judaísmo...) foi condenado à morte na cruz por ter se intitulado "Filho de Deus", ter se colocado como "a imagem humana de Deus-Pai revelada aos Homens"! Para os hebreus, até hoje, usar o Santo Nome de Deus e, o que é pior, passar-se pelo próprio Ser Divino é uma blasfêmia passível de morte, o que aconteceu com Jesus.
* O agnóstico segue o agnosticismo, que é uma corrente filosófica surgida na Grécia Clássica. O agnóstico suspende o juízo da razão sobre a existência ou não de qualquer Ser Supremo, que dão o nome de "Deus". O agnóstico nem afirma nem nega a existência de Deus, respeita quem o faz, considerando que a Fé numa Divindade ou em várias faz parte do foro íntimo de cada pessoa.
Os agnósticos também defendem um Estado laico, ou seja, um Estado em que seja governado por leis feitas pelos cidadãos (Constituição de cada país), por leis racionais e sujeitas ao aperfeiçoamento histórico, onde as religiões não devem se meter na condução e na administração das políticas públicas. Os agnósticos são terminantemente contra as teocracias ou domínio de qualquer religião ou igreja, como acontece no Irã, na Arábia Saudita, como aconteceu durante a Idade Média onde a Igreja Católica dominava a política e a justiça da época.
A intromissão das religiões nos governos dos países sempre foi prejudiciais aos cidadãos, pois geralmente um grupo impõe suas verdades aos demais, usando de força, perseguição, prisões e mortes. Os agnósticos defendem a liberdade de crença e religião, inclusive a liberdade de não seguir nenhuma denominação religiosa, a liberdade de ser ateu ou agnóstico! Se como dizia o teólogo e filósofo "Santo" Agostinho, bispo de Hipona, "Deus está no mais íntimo do meu íntimo", não precisamos de leis externas para impor nenhum culto a Deus, basta amá-lo e reverenciá-lo nos nossos semelhantes. Não foi isso que Buda, Sócrates, Jesus de Nazaré, entre outros grandes líderes, pregaram e viveram?
**Prof. Chico Gretter é filósofo, agnóstico, com mestrado em Filosofia e História da Educação (FEUSP – 1997), Conselheiro Estadual da APEOESP e Presidente da APROFFESP.
Valeu professor chico