Carlos Wellington***
A elite política de esquerda da capital do estado acreditou que a denúncia de racismo institucional no Ministério Público, na OEA, no governo da Alemanha e na ONU era um problema exclusivo de São Bernardo do Campo. Julgaram que o prefeito denunciado nessas instâncias por práticas sistemáticas de racismo institucional era apenas um político local: um racista, fascista e supremacista italianista que não causaria grandes danos além dos limites dessa cidade.
No entanto, para surpresa dessa elite política paulistana do campo progressista, o problema desembarcou bem no meio deles, no apagar das luzes da gestão macabra em São Bernardo do Campo. O prefeito reeleito da capital, Ricardo Nunes, anunciou o nome do único prefeito das Américas denunciado por racismo institucional para assumir o cargo de Secretário de Segurança.
A Indiferença da Elite Política
Quem, entre a elite política da esquerda da capital, poderia esperar por isso? Quem poderia imaginar que o "problema de São Bernardo" não era apenas local? Pagaram para ver, e agora estão vendo. Quantos apelos foram feitos pelo Fórum Antirracista de São Bernardo do Campo para que a Marcha da Consciência Negra Estadual, no dia 20 de novembro, fosse realizada na cidade?
Quantos apelos às bancadas de mulheres negras antirracistas paulistanas, tanto na ALESP quanto na Câmara Federal, foram ignorados? Quantos "não", ou até mesmo o silêncio, ouvimos dessas bancadas de mulheres pretas antirracistas? Tudo isso enquanto tratávamos da única denúncia de racismo institucional envolvendo um prefeito no continente. Quantas omissões do campo progressista fomos obrigados a presenciar ou enfrentar?
Um Problema que Transbordou
Mas quem poderia imaginar que essa bomba explodiria na capital do estado? Quem poderia imaginar que não ficaria restrita a São Bernardo do Campo? Que o prefeito supremacista branco italianista, denunciado no MP, na OEA, na Alemanha e na ONU, fosse convidado, no apagar das luzes de sua gestão, para ser o novo Secretário de Segurança da maior cidade da América do Sul?
"Gira o Mundo / O Mundo Gira"
Como diz uma canção italiana, "gira o mundo, o mundo gira". A bomba agora está na capital. O prefeito que promoveu uma festa alemã no feriado municipal de 20 de novembro foi nomeado Secretário de Segurança Pública Municipal.
O racismo institucional de São Bernardo do Campo não ficou limitado às fronteiras da cidade. Ele deu um giro. O racismo institucional que fez o mundo girar agora chegou à capital.
Carlos WellingtonMilitante do Movimento Negro desde 1997 e Educador Popular
Muito bom!
Uma luta que é exemplo para a militância.
Devemos acreditar sempre.