Corrente Política Enfrente! ***
O assassinato de Genivaldo Jesus dos Santos, ocorrido no dia 27 de maio em Sergipe, certamente é um dos mais hediondos crimes cometidos pelo Estado brasileiro nos últimos anos. A dita segurança pública matou brutalmente um homem de 38 anos, negro, e que carregava consigo alguns remédios por conta de ser esquizofrênico. Fora abordado por por dois agentes da Polícia Rodoviária Federal enquanto andava de motocicleta pelas ruas de Umbaúba, foi subjugado pelos policiais e colocado dentro do porta-malas da viatura, onde improvisaram uma câmara de gás com gás lacrimogêneo e o mataram asfixiado.
O crime foi filmado por moradores da região e logo esta cena grotesca circulou todo o país. No Brasil, a violência policial desgraça a vida de milhares de famílias todos os anos, dias antes assistiu-se o massacre executado por mais uma operação policial nas favelas do Rio de Janeiro - vinte e cinco mortos foram contabilizados -, parece não haver limites para a sistemática violação do direito à vida por parte das forças de segurança, que certamente sempre fazem questão de lembrar que seus alvos em geral têm cor e status social definido.
Vimos imagens da população indignada se manifestando e pedindo justiça por Genivaldo, obrigando uma viatura policial a recuar frente à multidão, além dos diversos atos de protesto chamados pelo Brasil nos dias que se seguiram. O sentimento de revolta carregado no coração de milhões de pessoas não é apenas por mais um assassinato absolutamente injustificável, mas por ser mais um entre a incontável quantidade de vidas que deixaram de existir por conta do terrorismo de Estado, herança viva de uma sociedade forjada no derramamento de sangue dos povos não brancos e da repressão ininterrupta às classes populares, e que hoje é respaldada pela política proto-fascista de Bolsonaro, que não perdeu a oportunidade de chamar Genivaldo de "marginal". Certamente, reconhecemos ser comum a todo fascista inverter o papel da vítima e do criminoso, precisa-se primeiro saber: mas quem era o que matou e quem era o que morreu? O crime em si é um fator secundário.
Exigir justiça é o mínimo que se pode fazer diante de tal situação, os responsáveis por este crime devem pagar imediatamente com todo o rigor que permitem as leis brasileiras. Mas também devemos salientar, conscientes de que as verdadeiras transformações são realizadas fora dos estreitos limites da jurisprudência, e que cabe ao povo organizado reagir e construir suas próprias armas, para assim impedir que tais aberrações continuem a ser cometidas contra os nossos.
Justiça para Genivaldo e todos os que morreram pelas mãos dos terroristas de Estado!
Enfrente!
Belo texto. É isso mesmo, a sociedade deve se impor pra fazer da falácia que diz que o Estado existe para ela, se torne minimamente verdade.
Esse mínimo já será muita coisa enquanto a verdadeira transformação social não ocorrer.