Wagner Sant' ana***
O Deus dos oprimidos é inconscientemente uma imagem ideal daquilo que os miseráveis gostariam de ser. A colorida fantasia da opulência divina e a bem-aventurança espiritual, que os “pobres de espírito” usufruirão nos recantos celestiais, são apenas um reflexo distorcido do desejo inconsciente que as massas têm de usufruírem materialmente o estilo burguês de vida.
Infelizmente a alienação religiosa é por demais cruel, enquanto a riqueza é dividida entre os membros da classe dominante, aos oprimidos sobram apenas migalhas da produção material. O pior é que, pela potência ideológica de tal engodo, o explorado ainda acredita que está trabalhando para a glória do “reino de Deus”.
Essa exploração velada, feita pela classe dominante, foi percebida profundamente pelo filósofo Karl Marx. Sobre tal manipulação ele escreveu as seguintes palavras:
"Se minha própria atividade não me pertence, mas é uma atividade alienada, forçada, a quem ela pertence? A um ser outro que não eu. O que é esse ser? Os deuses? É evidente, nas mais primitivas etapas de produção adiantada, por exemplo, construção de templos etc., no Egito, Índia, México, e nos serviços prestados aos deuses, que o produto pertencia a estes. Mas os deuses nunca eram por si só os donos do trabalho; tampouco o era a natureza (...) O ser estranho a quem pertencem o trabalho e o produto deste, a quem o trabalho é devotado e para cuja fruição se destina o produto do trabalho, só pode ser o próprio homem. Se o produto do trabalho não pertence ao trabalhador, mas o enfrenta como uma força estranha, isso só pode acontecer porquê há um outro homem que não o trabalhador. Se sua atividade é para ele um tormento, ela deve ser uma fonte de satisfação e prazer para o outro. Não os deuses nem a natureza, mas só o próprio homem pode ser essa força estranha acima dos homens"
(Manuscritos Econômicos e Filosóficos).
Wagner Sant' ana; 36 anos, Formado em Licenciatura em Filosofia, Artes Dramáticas - DRT: 0038675/SP, Pós Graduado em Filosofia e Economia Política, e Ensino de Geografia. É de Guarulhos - SP.
Atualmente leciona Filosofia, Sociologia e História na Rede Pública e Particular de Ensino. Também é Professor e Coordenador Voluntário do Cursinho Popular do Núcleo UNEAFRO Mabel Assis - UMA Guarulhos, e também associado a APROFESP
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