José Gozze***
AMIGO
É COISA PRA SE GUARDAR
(Milton Nascimento)
No meio dos meus encantos por cinema me deparei com um estudo em psicanálise. Lá foi me dito que as marcas da vida são as perdas. Perdemos o ventre para ganhar o mundo. Perdemos os amigos da infância para ganhar a liberdade com os amigos da juventude, e assim vamos perdendo pela vida afora até ganhar a sabedoria da velhice. A última etapa antes da perda final.
Quem inventou essas etapas de perdas e ganhos estava um tanto entristecido com a vida real.
Lembro-me dos amigos dos folguedos de infância como se ontem fosse. Lembro-me dos amigos da juventude como arroubos de um ontem recente.
Do tempo seguinte, os encontros com os velhos amigos, os filhos dos amigos e os amigos dos filhos.
No derradeiro momento das conversas maduras dos amigos presentes e da lembrança dos amigos que já nos olham de um mundo distante e desconhecido.
A grandeza do criador foi a de nos dotar de um conjunto de equipamentos com a qualidade de nos tornar humanos: mente, coração e alma, para arquivar nossa história, particular e universal. Enganam-se os amigos que se acham esquecidos. Estão todos guardados nas ondas sensoriais da mente, nos doces carinhos do coração e na vivência eterna da alma, porque amigos são eternos.
Um grande abraço e beijos aos amigos que já se chegaram e aos que ainda hão de chegar.
José Gozze - Servidor Público aposentado da Justiça Paulista. Professor Universitário da FAAP (cinema), ator. Produtor e editor de Cinema. Político Presidente da Associação dos Servidores do TJSP e Presidente Nacional da PÚBLICA-Central do Servidor.
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