Alberto Souza ***
Dia 10/8, lancei meu livro MEMÓRIAS: DA CAATINGA PARA O MUNDO, no Camisão que virou Ipirá, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipirá.
Aberta a palavra para os presentes, pude ouvir boas falas sobre a realidade local e do Brasil.
Depois eu disse que deveria dizer sobre o livro, o propósito em questão: expressar o que vi na vida da gente caatingueira, sua religiosidade, suas dores, alegrias, sua vida de dificuldades , de uma maioria sem nada frente aos donos de tudo. Um mundo que eu vivi, que via não vendo, por não entender as causas de de endurecer a existência humana. Como também sobre o que vi , vivi, na vida de nosso povo como um todo, suas lutas pela vida...
Falei um pouco sobre a migração dos sem nada da caatinga rumo a São Paulo, atrás de meios de vida, onde se escravizavam por salários de misérias(escravidão assalariada).
Ainda comentei sobre minha experiência de vereador no ABC Paulista, dizendo sobre o jeito de parlamentares e outros politiqueiros dos partidos de grupos econômicos fazerem política, tendo a mentira e a manipulação de almas do povo como regra e método.
Referi-me também à velha politicagem da terra camisãoseira, de coronéis e seus herdeiros apropriando-se de votos como se tratasse de mercadorias; na verdade, senhores donos de almas e corpos de multidões, tratadas como seu gado bípede.
Falei ainda do racismo da caatinga do meu tempo, herança do Brasil de escravização de negros e suas consequências: descendentes de escravos deixados sem nada para a vida, tendo que que colocar a energia de seu corpo e mente a serviço de fazendeiros até mesmo por pratos de comida.
Por extensão, falei do próprio povo brasileiro, dos escravos assalariados das diversas regiões brasileiras , mormente da caatinga nordestina , com quem convivi nas usinas e cafezais paulistas; todos nós sem a menor noção das circunstâncias que nos empurraram para sermos explorados fora da terra em que nascemos.
Por fim , além de palavras sobre minha vida na minha caatinga seca, do que vi nela, não vendo, da mesmo forma , destaquei que o mesmo se dava com as minhas andanças de migrante:
Via , não vendo.
Até que um dia...
Enfim, a conversa foi muito interessante, principalmente , por muitos dos participantes fizeram questão de expressar suas experiências de vida e suas impressões sobre os processos políticos locais e do próprio país. Chegou-se a falar de democracia direta, de o povo organizado determinar que deve ser feito com o dinheiro público em poder dos governantes.
Um momento de troca de experiências e reflexões.
Pretendo voltar ao Camisão que virou Ipirá para outras conversas como esta.
Alberto Souza
Ex-vereador em SBC, Dirigente Sindical, Educador Popular e Escritor.
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