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Foto do escritorAldo Santos

Carta/Resposta ao Dep Fed Eduardo Bolsonaro


Tem veiculado amplamente nas redes sociais e em todos os meios de comunicação deste país a fala do senhor Deputado Federal Eduardo Bolsonaro. A comparação feita por ele, demonstra completa ignorância da representação que os professores têm numa sociedade que almeja tornar-se emancipada e garantir sua soberania econômica, política e cultural. Então vamos lá!!! Vamos explicar a ele o que é ser professor no Brasil hoje.


Não somos traficantes de drogas!!! Levamos o saber que temos acumulado às custas de muito sacrifício, determinação, horas de sono perdidas, do distanciamento da família e em troca do lazer e da companhia dos amigos… Dedicamos anos de estudos preparando-nos para a transmissão do conhecimento adquirido.


Ser professor hoje no Brasil é lutar contra o desemprego, contra a precarização do nosso trabalho, contra a desvalorização da nossa carreira, contra a imposição de um modelo que busca formar cidadãos/ãs preparados/as somente para a reprodução de um sistema que quer trabalhadores/as dóceis, manipuláveis e alienados/as. É lutar contra assédios e perseguições; é acreditar nas potencialidades humanas e procurar desenvolvê-las, apesar da falta de estruturas e políticas particularizadas dos governantes.


Você sabe que neste exato momento, tem um professor fazendo greve de fome no Ceará porque o prefeito da sua cidade demitiu todos os professores contratados? Este professor não pode ser comparado a traficante de drogas porque se assim o fosse não usaria deste método extremo, colocando em risco sua própria vida, para ter de volta o seu emprego e dos demais professores.


Não somos criminosos, nossos parcos salários vêm do suor do nosso trabalho, não fazemos “rachadinhas”, não compramos propriedades com dinheiro vivo, não respondemos na justiça por dinheiro depositado ilegalmente na nossa conta, não temos um pai acusado na ONU de genocida que no exercício do poder, ignorou e por isso é responsável, pela morte de mais de 700 mil vidas durante a pandemia. O deputado se equivoca ao ter como modelo a sua própria família. Como vê os criminosos aqui não são os professores. Aliás deputado, para grandes pensadores da filosofia e da psicanálise, “costumeiramente projetamos nos outros aquilo que somos ou desejamos ser”.


Qualquer sociedade, e aqui não nos referimos somente às organizadas dentro do sistema capitalista. Repetindo, qualquer sociedade reconhece que para tornar-se livre e emancipada precisa daqueles profissionais/mestres/griots/anciãos que tenham acumulado o saber para reproduzir, enriquecer e libertar seu povo.


Portanto, por mais que você deseje, não vai nos intimidar, pois a Educação, os educadores/as e educandos/as são a grande muralha que resiste; e que separa aqueles bravateiros condenados ao lixo da história, do que tem de melhor na imensa parcela da sociedade que sabe do seu papel na história, do compromisso de vida e da potencialidade na transformação de uma sociedade livre, democrática, soberana e libertária!!!


"Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos, jovens amigos, não é verdade?".

Rosa Luxemburgo (1871-1919)


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