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Foto do escritorAldo Santos

Nota sobre a agressão ao professor de Filosofia no Paraná.

Atualizado: 26 de jun.


APROFFIB ***


     Desde o dia 12/06 circula nas redes sociais um vídeo onde um aluno  de 17 anos, que por razões óbvias não teve seu nome divulgado, dando um “mata leão” no seu professor de filosofia. O caso aconteceu em uma escola estadual na cidade de São Tomé na região oeste do Paraná. Não vamos divulgar o nome do professor nem da escola, não por não ter relevância, mas, por não ser um caso isolado, pois,  vemos nas mídias frequentemente notícias semelhantes, e que já resultou em morte de alunos/as e professores/as, retrato fiel do caos em que se encontra o Ensino Público no Brasil. Esta realidade nos leva a conceber o legado de Hannah Arendt, onde percebemos que há toda uma estruturação da sociedade baseada na  banalização do mal e da morte, e que o mal pode partir até mesmo da classe oprimida ao reproduzir no cotidiano, ações comuns sem julgamento e sem uma análise da extensão de atos individuais. 

Não por acaso aconteceu no Paraná, estado que serviu de laboratório para implantação das medidas autoritárias, com conotações fascistas de destruição da Educação Pública, de entrega para o empresariado o sistema educacional como um todo. Para além dos aspectos subjetivos de constituição moral da sociedade, na prática a questão que se apresenta é: quais as razões individuais que motivaram ou motivam estas agressões? Poderíamos fazer aqui um tratado sobre violência nas escolas ou sobre a falta de perspectivas dos jovens. No entanto, nem uma  nem outra hipótese sustentam sozinhas a motivação.

Desde a década de 90, a Educação no Brasil vem passando por  constantes reformas, todas dentro de uma lógica econômica neoliberal mesmo nos seguidos governos estaduais ou federal, que polarizou a Educação em dois segmentos: a escola pública destinada aos filhos da classe trabalhadora para formação da mão de obra barata e a escola privada destinada aos filhos da elite  que pretende um ensino especializado.

A escola pública tornou-se lugar de contenção dos problemas sociais, e é lá que as crises explodem, como neste caso, em que o professor foi o alvo direto dos descontroles emocionais, comuns na nossa juventude. Neste sentido, podemos inferir ao reducionismo nos curriculos construídos a partir desta lógica neoliberal, a questão central para entender o cotidiano escolar.

Ao longo das últimas décadas, este processo transformou a escola pública num espaço de insatisfações, tanto para o aluno, que não vê objetivo para aprender, como para o professor que não vê na profissão uma carreira atrativa, além de pressões e assédios das equipes gestoras, resultando num espaço adoecido.

Dentro desta lógica neoliberal de construção de um Estado Mínimo, aceleram-se as  privatizações, terceirizações e introdução da iniciativa privada no Sistema de Educação. Para viabilizar este projeto, mudanças curriculares retiraram ou diminuíram a quantidade de aulas ligadas a uma formação humanizadora, especialmente a Filosofia. Em detrimento de uma formação técnica ou pseudo profissionalizante, estas mudanças nem oferecem de fato uma formação profissional, nem permitem a formação plena do indivíduo, tornando-o capaz de analisar sua própria realidade e buscar a transformação da sociedade. 

Diante do que foi exposto entendemos que, a violência que ocorre nos espaços que deveriam ser geradores do conhecimento com um potencial crítico da sociedade, nada mais representa do que reflexo desta política perversa de destruição da escola pública, que há muito abandonou seu objetivo principal: o ensino/aprendizagem. A Educação Pública passou a ser uma ferramenta mercadológica atrativa aos olhos sedentos por lucratividade dos empresários que se apossaram das Secretarias de Educação nos diversos estados do país.

Nós da Aproffib... partilhamos das ideias revolucionárias de Rosa Luxemburgo:

“Há todo um velho mundo por destruir e todo um novo mundo por construir. Mas nós conseguiremos, jovens amigos, não é verdade? Avante!” Rosa Luxemburgo.

24 de Junho de 2024.

 

DIRETORIA EXECUTIVA NACIONAL




Neuza A O Peres – Presidenta

Aldo Josias dos Santos – Vice Presidente

Maria Terezinha Correa – Secretária Geral

Laismeris Cardoso de Andrade – Tesoureira

José Antonio Burato – Diretor de Comunicação

Gleidimar Alves de Oliveira – Diretora de Relações Pedagógicas

Valdenir Abel dos Santos – Diretor de Relações Pedagógicas

Marcos da Silva e Silva – Diretor de Relações Institucionais

Aldacir Fonseca de Souza – Diretor de Relações Institucionais


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