(Prof. Chico Gretter)
“Nascemos sem trazer nada; morremos sem levar nada; e, no meio, brigamos por algo que não trouxemos e que não levaremos”!
O raciocínio do pensamento acima expressa a típica falácia da ignorância da questão: o problema não é a vida antes ou depois desta; o problema é que nesta vida, aqui e agora, muitos não têm o mínimo necessário para viver e até mesmo sobreviver; enquanto uma minoria possuem até demais e morrem deixando sua herança acumulada para seus herdeiros que já nascem ricos num berço de ouro. E não me venham dizer que essa herança vem do fato de terem trabalhado mais! As riquezas do sistema capitalista não vêm do trabalho, mas do lucro e da mais-valia! (pesquisem...). Não estou falando aqui na herança deixada pela tal "classe média" remediada que deixa uma casa, um apartamento ou um carro para seus filhos; estou falando dos ricos que deixam milhões para seus privilegiados herdeiros.
Nunca briguei por algo supérfluo ou desnecessário; minha "briga" foi por ter dignidade através do meu trabalho para ter o necessário para VIVER e não apenas sobreviver; e muitas vezes não tive esse mínimo para que os meus direitos humanos fossem reconhecidos e atendidos. Assim também vejo milhões de meus irmãos passando necessidade, enquanto vejo uma minoria esbanjar no luxo, no desperdício e na ostentação. Isso não é justo, né! Desde pequeno respondia para minha mãe que me dava conselhos para não ser revoltado com as dificuldades, que me dizia para respeitar os outros e o que eles tinham. Sempre respeitei, mas também dizia para minha mãe: essas desigualdades não são justas, não vêm de Deus, mas da exploração que percebia nas atividades de meus pais e irmãos trabalhadores e outros ainda mais explorados em seus empregos miseráveis, como subempregados, boias-frias, diaristas, fazedores de "bicos", arrendatários semifeudais; e ainda os desempregados, pois o desemprego é eterno no sistema que precisa de um "exército de reserva" para poder explorar a classe trabalhadora. Não precisamos ler "O Capital", de Marx, para perceber isso.
Quanto todos os seres humanos não precisarem brigar mais pela sobrevivência, como também os animais, então irei me preocupar com a vida para além da morte; até lá, minha preocupação é com esta vida aqui e agora, minha preocupação é com a injustiça, com a desigualdade, com a opressão e com as desumanidades, como aquelas cometidas em sua exaustão na Faixa de Gaza neste exato momento contra civis indefesos e crianças que morrem de fome ou sob os escombros dos bombardeios de um Estado terrorista. Nenhum terrorismo justifica uma resposta terrorista! Desejo paz e dignidade para todos os seres humanos, assim também como para todos os seres vivos que merecem respeito.
Até quando Herodes vai continuar repetindo a matança que fez na Palestina há dois mil anos atrás para eliminar um tal Jesus de Nazaré que teria nascido em Belém da Cisjordânia?
* P.S.: como agnóstico não comemoro o Natal dos cristãos! Mas desejo o melhor para todos/as e no próximo ano que se aproxima, de acordo com o calendário gregoriano! Paz!
São Paulo, 21 de dezembro de 2023.12.21
Prof. Chico Gretter
Ms. em Filosofia e História da Educação
Presidente da APROFFESP - www.aproffesp.blogspot.com
Parabéns, Chico! Excelente reflexão. O capitalismo moderno humanizou a riqueza e desumanizou os seres humanos, causando uma ganância sem limites na obtenção de bens materiais para viver na sociedade atual. Que Gil Vicente diga, em seus personagens do auto da Barca do Inferno, tentando embarcar com todos os seus pertences. Yuval Noah Harari descreve em seu livro: Uma Breve História da Humanidade, que a riqueza de uma só pessoa na atualidade ultrapassa toda a riqueza da Europa em 1500. Como o capitalismo transvestido de Papai Noel incentiva o consumismo em todo final de ano, qual a sensação que temos em gastar muito em dezembro e pagarmos dívidas em janeiro. A felicidade é medida pelo que consumimos ou a nossa rela…