Por: Altair Lourenço de Lima .
A esquerda brasileira nunca teve muito apreço pelo debate sobre o valor e trabalho, sempre foi feito por alguns poucos acadêmicos que ainda mantém espaços nos movimentos sindicais e sociais.
Partidos que se proponha a ser de esquerda e progressista precisa ter muita clareza sobre a importância de colocar e debater no seio das organizações dos trabalhadores o tema valor, trabalho e capital excedentes.
Esses elementos são fundamentais e necessários para a organização do sistema produtivo. Assim, sendo, partidos da chamada esquerda não pode abrir mão em fazer o debate sobre a importância do país em controlar todos os seus recursos naturais, como os minerais, o sistema energético e todo o sistema produtivo estratégico. Sem esses fatores o Brasil não terá condições de produzir valor e trabalho, muito menos gerar capital excedente para ser investido em mais valor e trabalho, e parte deste excedente possa ser destinados para os serviços público.
Se parte deste capital excedente não ficar sobre o controle do estado, não terá como o estado investir na estrutura e superestrutura, principalmente na educação e pesquisa, saúde e principalmente na indústria farmacológica, esses temas, também deve ser colocado no centro do debate pelos partidos da chamada esquerda e em todos os espaços dos trabalhadores. Pois são setores fundamentais para que um país tenha condições e capacidade de investimento para que se possa desenvolver e produzir mais valor, trabalho e capital excedente.
Mas os partidos da chamada esquerda e progressista que deveria ter em seus quadros lideranças e militantes com formação teórica na crítica da economia política marxista, preferiu seguir o caminho pós-moderno ao colocar no centro do debate partidário temas identitários, que não passa de um liberalismo de esquerda, que se contenta em ficar na reivindicação por maior participação dentro da ordem burguesa. Temas estes debatidos e feitos de forma isolada do debate da luta de classe, não leva em consideração o apossamento de parte do capital excedente, oriundo do valor e trabalho, e que possa ser destinado a educação, pesquisa tecnológica a ser usado pelo sistema produtivo, assim gerar mais valor, trabalho e capital e parte desta mais valia seja destinada para todos os serviços públicos.
A Eleição de 2018 em que a democracia burguesa elevou o Jair Messias Bolsonaro a condição de presidente do país, não ocorreu por acaso de uma hora para outra. Ele chega à presidência porque tinha uma base política que trabalhou sua eleição, lógico que essa base política teve apoio da mídia corporativa fazendo sua propaganda. É bom lembrar que essa mesma base política sempre esteve a serviço do poder já alguma década no país. Ela sustentou os regimes militares, o governo Sarney, Collor/Itamar, Fernando Henrique e os governos do PT. Sendo que os governos do PT, afastou a militância dos movimentos, impondo uma política de imobilismo, desta forma não contrariando as alianças com os partidos tradicionais, chamados de direita. Prova que o partido dos trabalhadores tinha prioridade em dar continuidade nas reformas liberais de FHC, que chegou a expulsar parlamentares que se opôs a reformas da previdência feita por Lula, sendo de interesse do sistema financeiro especulativo que se vale de remuneração de títulos da dívida pública, dívida questionável, e que nunca quiseram fazer uma auditoria.
Assim, sendo o PT contribuiu para o fortalecimento desta base política que dão sustentação ao governo de plantão de Bolsonaro.
A política do PT de aliança foi tão bem articulada e pensada, que o partido está trabalhando e articulando regatar novamente, além do resgate trabalha pela ampliação, propondo colocar nesta frente mais partidos que ficaram fora da aliança nos seus governos, por exemplo já discute a possibilidade em incluir o PSDB e outro partido da chamada esquerda que é o PSOL, sendo que alguns setores do PSOL já vem tentando convencer seus filiados a apoiar e aprovar no seu congresso a entrada do partido numa frente ampla em nome da democracia burguesa representada pelo capital fictício, agronegócio e a mídia corporativa. Nessa avaliação e conjecturas para voltar a se configurar como agente central no cenário político, através de uma frente ampla, o partido chamado de trabalhadores está apostando que é possível resgatar e ampliar esta aliança que tiveram, enquanto era governo e romperam para ficar com Michel Temer e agora com o governo Bolsonaro.
Para isso o PT irá oferecer seu patrimônio eleitoral, que são os movimentos sindicais e sociais em troca para ser o protagonista desta aliança e ficar com cargos e com isso dar continuidade à política liberal, como foi o seu governo.
Nesta articulação e conjectura o PT e parte do PSOL estão achando que pode chegar a condição de gerente do capital financeiro, agronegócio e das multinacionais que exploram e exportam minérios. Mas esquece que as forças armadas estão se ampliando sua participação na estrutura do estado, sendo protagonista sem ter que passar pelo desgaste político, além disso não têm muita simpatia pela esquerda liberal. É bom deixar claro que as foras armadas já ocupam vários cargos relevante na estrutura do estado. São em torno de quase 12 mil militares ocupando posto, que estão dando a linha política do governo do presidente Bolsonaro, principalmente na base Partidária que sustenta e legitima a falsa democracia brasileira.
Será que a esquerda liberal acha que pode remover esses milhares de militares que estão no poder, sendo que são defensores e trabalha pela radicalização liberal no Brasil em um processo eleitoral, ou acha que eles irão romper com o Bolsonaro para ficar com esta tal frente ampla. Acho que esses militares vão continuar preferindo um presidente fraco, que possa assumir todos os desgastes de um governo, enquanto eles vão ampliando sua base e participação em todas as áreas publica, como saúde, educação e outros setores em que as massas têm acesso, desta forma trabalhando questões ideológica desta massa, assim ganhando a consciência do povo de forma mais ampliada. Não podemos esquecer, parte destes militares que estão no atual governo Bolsonaro, já gozou de muito prestígio no Lula/Dilma. Quem não lembra da ocupação do Haiti pelas tropas brasileira, em que os militares fizeram o trabalho sujo para os EUA.
Desde o começo do governo do Bolsonaro, que venho dizendo que era um erro esperar 2022. Os partidos da chamada esquerda tinha que articular suas bases para ocuparem as ruas e pressionar a saída do presidente. Pior de todo esse imobilismo para não organizar suas bases para ocupar as ruas, esperando e apostando no desgaste do presidente, o partido dos trabalhadores aproximou da base partidária que dar sustentação ao Bolsonaro. Essa aproximação ficou muito claro que quando os senadores do PT e todos os outros partidos da esquerda liberal votaram no candidato Rodrigo Pacheco do presidente para presidir o senado. Até foi ventilado e noticiado pela mídia corporativa escrita que teve um senador da esquerda liberal participou do orçamento paralelo do governo chamado tratoraço. E na Câmara não foi muito diferente, ouve acordo para ficar com a segunda secretaria, neste acordo o PT prometeu de não obstruir nenhuma pauta de interesse do governo, segundo o próprio Arthur Lira.
Pior de não organizar suas bases para ocupar as ruas ainda aproximou da base partidária que sustenta o presidente Bolsonaro, apoiou e voltou no candidato do governo Rodrigo Pacheco para presidente do senado, até existe noticias da mídia corporativa que teve senador da esquerda liberal que participou do orçamento paralelo do governo.
Em 2022 poderá ser tarde demais para as pretensões do PT de voltar a ser o protagonista na gerencia do capital fictício, do agronegócio e todos os recursos naturais e as cadeias energéticas privatizadas. Para isso os partidos da chamada esquerda, encabeçada pelo PT, trabalha na articulação de resgatar alianças partidárias que já foi vitoriosa em uma frente ampla, em que os movimentos sociais e sindicais seja o patrimônio eleitoral a ser dado como moeda de troca nesta tal frente. Nesta engenharia eleitoral o PT continuará abrir mão de disputar o poder para ficar com os cargos. Assim, sendo, o poder político continuará sobre o controle do capital fictício, do agronegócio, dos exploradores dos recursos minerais e de toda a cadeia energética privatizada. Podemos afirmar que o setor privado ampliaria sua participação na estrutura do estado, cabendo a máquina pública o papel de arrecadar impostos e repassar para o capital fictício através da dívida pública fabricada, como mecanismo de remunerar o sistema financeiro, através dos títulos desta tal dívida.
Assim, esse capital fictício acaba ficando com quase todo capital excedente produzido pelo valor e trabalho que ainda existir no país. Mesmo o bloco da chamada esquerda liberal, propondo essa tal aliança de conciliação, eu tenho dúvida se os donos do poder toparia esse acordo. Já que possui seus operadores na estrutura do estado. E esses operadores ganharam muito espaços nesta atual configuração, em que Bolsonaro representa e exerce o papel de bode na sala para desviar atenção dos militantes dos partidos da esquerda liberal e também dos movimentos sindicais e sociais em geral, que fica no debate colocado pelo o presidente da república, sem falar que o Bolsonaro conta com a pandemia e fica torcendo para se arrastar a situação, até trabalha de forma genocida em favor das mortes, assim o medo colocado no seio da sociedade toma conta, com isso impede os brasileiros de analisar e lutar contra seu governo.
Enquanto isso ele vai dando voz aos anti - ciências e os negacionista, com isso articula esta base para continuar trabalhando para sua permanência na presidência. Junto com essa base negacionista estão os militares, as milícias, o crime organizado, também a maior parte dos evangélicos. Se essa base elege boa parte dos deputados dos partidos chamados de centrão erroneamente, que controla o orçamento impositivo e das comissões, não irá abandonar o governo, levará o Bolsonaro tranquilamente a um segundo turno com possibilidade de vitória. Logico com essa possibilidade de vitória, seu governo seria ainda mais enfraquecido, consequentemente os militares, as milícias e os evangélicos ampliará sua participação como agente operadores do poder econômico.
Para concluir uma frente ampla com os partidos da chamada direita não tem sentido. Porque esta tal frente já foi feita nos governos do Lula/Dilma em nome da governabilidade. E essa governabilidade foi o avançando nas reformas do estado, em que foi diminuindo drasticamente a participação do público na economia e ampliou a participação do privado, para isso reduziu direitos e serviços públicos da população, principalmente da população mais necessitadas.
Qualquer frente que venha ser discutida em que os partidos da chamada esquerda e progressista proponha somente teria sentido se for construído um programa em torno desta tal frente se tiverem nela reversão de todas as privatizações feitas pelos governos do Fernando Henrique, dos governos do Lula/Dilma/Temer e do Bolsonaro. Também todas as reformas econômicas, energéticas, trabalhistas, educacionais, como a reforma do ensino médio. Reformas e privatizações que foram e estão sendo muita lesivas a soberania brasileira.
Lógico que esses partidos que esteve na base dos governos petistas e que também estão no governo do Bolsonaro sempre trabalharam para transformar o Brasil numa verdadeira colônia, e se for resgatado essa aliança, a política de recolonização terá continuidade. Então esta tal frente proposta pela esquerda liberal será uma farsa, porque a mudança da figura do gerente não mudará os operadores a serviço do liberalismo, continuará defendo que o brasil seja colônia.
Texto do Altair Lourenço de Lima:Professor da Rede Pública Estadual.
Colaboração do João Torricilas.
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