James Prado Gondim***
Hoje, ao recordar 8 de janeiro de 2023, dói a lembrança. Um dia que deveria ser, como tantos outros, com a sociedade seguindo seu curso normal, foi tomado pela violência, pela ignorância e pelo ódio. Assistimos, estarrecidos, a uma agressão brutal às instituições que sustentam o Estado Democrático de Direito. Edifícios que simbolizam o voto, o diálogo e o equilíbrio, entre os poderes, foram profanados, como se vandalizando paredes e objetos, pudesse derrubar princípios.
Sob o pretexto de “contestar o resultado eleitoral” e o “sistema”, milhares de pessoas , se entregaram à barbárie, infladas por mentiras repetidas, à exaustão, por quem deveria prezar pela verdade. Contestação é um direito inalienável, mas este direito exige, no mínimo, fundamentos éticos e, sobretudo, respeito às regras do jogo democrático. O que vimos, naquele fatídico dia, não foi o exercício de cidadania, mas sim, uma tentativa desesperada – e vergonhosa – de subverter a vontade das urnas.
O que intriga, porém, não é apenas a adesão cega de parte da população, intoxicada com o bombardeio de desinformação. Isso, de certa forma, é compreensível, embora preocupante. O que mais choca, é o papel desempenhado por pessoas com formação, recursos e capacidade crítica. Jornalistas, formadores de opinião, advogados e outros que, em tese, deveriam defender os valores democráticos , abraçaram teorias conspiratórias e, defenderam o indefensável. Estes não só tentaram legitimar a confusão, como acenderam o pavio da discórdia.
É no senso comum … entre cidadãos e cidadãs, que se poderia admitir alguma confusão, algum desvio interpretativo. A desinformação corrói a compreensão coletiva, mas mesmo assim, não pode servir de desculpa. E, quando figuras públicas optam por alimentar narrativas golpistas, revelando o seu lado obscuro e do mal, tendo compromisso com o caos. O que vimos, em 8 de Janeiro, foi uma ferida aberta pelo populismo e pela má-fé, travestida de “opinião”.
Hoje, olhando para trás, reafirmamos o que deve ser o nosso lema e compromisso eterno: Ditadura nunca mais ! A democracia pode conter imperfeições, mas é o único sistema, capaz de respeitar e promover a diversidade de opiniões e, o bem-estar coletivo. Que este dia permaneça na história como um lembrete, para que jamais nos permitamos, flertar com autoritarismos, independentemente de qualquer ideologia. A Liberdade é o bem maior e deve ser protegida, para que nunca possa ser jogada no chão, tal qual vidros quebrados.
São Bernardo do Campo, 08 de Janeiro de 2025.
James Prado Gondim - Jornalismo Livre .
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